Thursday, February 14, 2008

Por vezes quando desenho alguém , noto que a pessoa fica meio ressentida, incomodada, não se sente á vontade pelo facto de um desconhcido, ao longe, a estar a retratar num pequeno caderninho preto. Por muito inconveniente que seja a pessoa estar a ficar horrivel no meu desenho (não saber desenhar tem destas coisas :\ ), eu não percebo o porquê de este incómodo. Eu no seu lugar estou-me completamente cagando. Queres desenhar, desenha. Acho que as pessoas, talvez, não compreendam que alguém desenhar outra, raramente (acontece, mas é raro) têm outro objectivo que o simples desenhar pelo desafio em si e um exercicio de composição e relações graficas. Não se desenha alguém porque gosta (ok, as vezes acontece, mas isso nessas alturas e declarado e óbvio). As pessoas acreditam demais na sua singularidade e individualidade. Não se consciencializam que na realidade, para os outros, os desconhecidos, não passam de alguém que por acaso também caminha, possui um nome e ídentifica-se por um número. Não são mais do que alguém que nos é impressionantemtente indiferente. Toda a gente hoje em dia julga-se especial; não são. Não digo isto com algum sentido... de xico-esperteza ou assim, nada disso, sou tão vulgar como qualquer outro, tão "um número sem face" como o resto da humanidade. Mas percebo-o. Tenho a humildade de compreender esse meu lugar no mundo, e por isso, se alguém se decide a desenhar, a tirar fotografia, a olhar, para o bem ou para o mal, divirtam-se. Têm todo o direito e é algo completamente natural, acontece. Ninguém é ninguém até fazer alguma coisa que o torne Alguém.

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