Há alturas na vida em que temos decisões a fazer.
Em que não há tempo para hesitar, dúvidar, pensar sonhar desesperar chorar ou rir. Só agir.
Pensava nestes contratempos pré-suicidio quando olhava as pessoas a apontarem de boca tapada, num misto de choque e desejo pela desgraça alheia que nós, humanos, as eternas bestas, sempre partilhamos. Pessoas. Merda para elas. São elas as culpadas, sempre foram elas as culpadas, elas é que fizeram o meu sofrimento. O Mundo não percebe, não me merece, eu não me mereço. é o fim
As pessoas olharam-na fazer uma caralhada, uma última ofensa, e depois o desfalecimento. Não saltou, não abraçou a morte com coragem. Não há coragem na morte, há o conformismo de não lhe escaparmos. Ninguém morre com coragem, para que fingi-lo? inclinou-se para o nada, de cuecas e uma t-shirt oferecida pela publicidade, com uns alegres bonecos que tornam a situação ridicula. As senhoras gritaram de olhos fechados, os homens viram-na desfazer na calçada portuguesa do século XVIII, rebentando num vermelho-sangue partes da sua pele.
Todos os possiveis lirismos sobre o nosso fim desfazem-se quando encaramos a morte de caras.
Ninguém podia perceber o porque de alguém belo, conhecido, com amigos, "pessoa de bem", quereria acabar assim, aos 19 anos de vida, um promissor futuro. Ninguém podia perceber porque quem a viu, tal como ela, até ai vivia numa infantilidade de cosnciencia. Ninguém até ai tinha crescido para lá da obrigatoriedade de todas as manhãs acordar para um trabalho que lhe pague as contas. Porque as pessoas que, expectantes, assistiram este belo espetaculo, eram "putos e pitas" em corpos demasiado grandes para a sua "idade". Ninguém percebia assim, por ignorancia, que a única coisa que se tinha passado fora a incapacidade de pobre criança encarar o mundo como ele é; podre, desonesto, cínicamente hipócrita e triste na sua completa humanidade. Ela pura e simplesmente cresceu, comeu e não conseguiu engolir o ar que respirou toda a vida. E, na sua enternecedora revolta ganha a uma sociedade errada demais para ser aceite pela mais simplória inteligencia, reagiu como qualquer bebé reage, foge. Mas do mundo so se foge para a morte. Não lhe há escapatória. Agradeceu assim a dádiva da engritude e determinada cagou para o mundo, mandou-o convictamente para o caralho, e estatelou-se no chão ácreditando num depois que nunca aconteceria.
Infeliz o momento em que isto virou mentira, o medo sorriu-lhe maléficamente e o pânico domou a coragem da criatura, sendo seus receios apenas amparados pela pedra que lhe roubou a vida.
Fim.
Em que não há tempo para hesitar, dúvidar, pensar sonhar desesperar chorar ou rir. Só agir.
Pensava nestes contratempos pré-suicidio quando olhava as pessoas a apontarem de boca tapada, num misto de choque e desejo pela desgraça alheia que nós, humanos, as eternas bestas, sempre partilhamos. Pessoas. Merda para elas. São elas as culpadas, sempre foram elas as culpadas, elas é que fizeram o meu sofrimento. O Mundo não percebe, não me merece, eu não me mereço. é o fim
As pessoas olharam-na fazer uma caralhada, uma última ofensa, e depois o desfalecimento. Não saltou, não abraçou a morte com coragem. Não há coragem na morte, há o conformismo de não lhe escaparmos. Ninguém morre com coragem, para que fingi-lo? inclinou-se para o nada, de cuecas e uma t-shirt oferecida pela publicidade, com uns alegres bonecos que tornam a situação ridicula. As senhoras gritaram de olhos fechados, os homens viram-na desfazer na calçada portuguesa do século XVIII, rebentando num vermelho-sangue partes da sua pele.
Todos os possiveis lirismos sobre o nosso fim desfazem-se quando encaramos a morte de caras.
Ninguém podia perceber o porque de alguém belo, conhecido, com amigos, "pessoa de bem", quereria acabar assim, aos 19 anos de vida, um promissor futuro. Ninguém podia perceber porque quem a viu, tal como ela, até ai vivia numa infantilidade de cosnciencia. Ninguém até ai tinha crescido para lá da obrigatoriedade de todas as manhãs acordar para um trabalho que lhe pague as contas. Porque as pessoas que, expectantes, assistiram este belo espetaculo, eram "putos e pitas" em corpos demasiado grandes para a sua "idade". Ninguém percebia assim, por ignorancia, que a única coisa que se tinha passado fora a incapacidade de pobre criança encarar o mundo como ele é; podre, desonesto, cínicamente hipócrita e triste na sua completa humanidade. Ela pura e simplesmente cresceu, comeu e não conseguiu engolir o ar que respirou toda a vida. E, na sua enternecedora revolta ganha a uma sociedade errada demais para ser aceite pela mais simplória inteligencia, reagiu como qualquer bebé reage, foge. Mas do mundo so se foge para a morte. Não lhe há escapatória. Agradeceu assim a dádiva da engritude e determinada cagou para o mundo, mandou-o convictamente para o caralho, e estatelou-se no chão ácreditando num depois que nunca aconteceria.
Infeliz o momento em que isto virou mentira, o medo sorriu-lhe maléficamente e o pânico domou a coragem da criatura, sendo seus receios apenas amparados pela pedra que lhe roubou a vida.
Fim.
0 comments:
Post a Comment